O café é uma bebida com vários componentes bioativos que poderão ter propriedades protetoras em relação a algumas doenças crónicas. Alguns estudos sugerem que possa haver um efeito protetor do café em relação a alguns cancros:
- Uma meta-análise mostrou que beber café poderá estar associado a uma diminuição de 29% no risco de cancro do endométrio e que por cada chávena de café por dia houve uma diminuição de 8% no risco de cancro do endométrio ;
- Uma revisão sistemática e meta-análise mostrou que beber café regularmente esteve associado a uma diminuição de 34% no risco de carcinoma hepatocelular, 22% para aqueles que bebem pouco café e 50% para aqueles que bebem muito café. Além disso, por cada chávena de café por dia houve uma diminuição de 15% no risco de cancro hepatocelular ;
- Uma meta-análise mostrou que aqueles que bebem café tiveram um risco 7% inferior de cancro do estômago, quando comparado com quem não bebe, sendo essa diminuição mais evidente para aqueles que consumiam 3-4 chávenas por dia (12%) .
Além disso, o café poderá também ser protetor mesmo depois de um diagnóstico de cancro. Um estudo prospetivo que incluiu 1171 doentes com cancro colorretal metastizado sugere que o café poderá aumentar a sobrevivência . Alguns resultados do estudo:
- Aqueles que beberam 2 a 3 chávenas de café por dia tiveram uma maior probabilidade de viver mais tempo e de passar mais tempo antes da doença se agravar;
- Beber mais do que 4 chávenas por dia esteve associado a benefícios ainda superiores;
- Os efeitos foram observados tanto em café normal como descafeinado.
O estudo concluiu que a ingestão de café poderá por isso estar associado a uma diminuição do risco de progressão da doença e morte no caso de doentes com cancro colorretal avançado ou metastizado .
Uma vez que a cafeína tem propriedades protetoras e antioxidantes, o café sem ser descafeinado deverá ter um fator preventivo mais significativo. No caso do melanoma, por exemplo, os estudos sugerem que só no caso do café não descafeinado parece existir uma diminuição do risco .
No caso do cancro colorretal, observa-se uma diminuição do risco com o consumo de café normal (26%) e descafeinado (18%), mas este último é ligeiramente mais modesto . Essas diferenças são mais significativas no caso do cancro do endométrio: diminuição de 34% no caso do café normal e 23% no caso do descafeinado . No caso do cancro do fígado: diminuição de 29% no caso do café normal e 8% no caso do descafeinado . De acordo com estes resultados parece ser mais vantajoso para a prevenção de alguns cancros beber café sem ser descafeinado, a não ser que haja sensibilidade à cafeína.
Anteriormente, um estudo de grandes dimensões procurou também avaliar os efeitos do café. Para isso foi realizada uma revisão guarda-chuva a 127 meta-análises, sendo que a maior parte dos estudos incluídos na revisão são estudos observacionais, com alguns estudos clínicos aleatorizados . De acordo com os resultados da revisão, o café provavelmente diminui o risco de várias doenças crónicas, tais como:
- Alguns cancros: endométrio próstata, colorretal, fígado;
- Doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, síndrome metabólica;
- Condições neurológicas: doença de Perkinson, doença de Alzheimer, depressão.
A maior parte dos benefícios foram observadas em doses de 4-5 chávenas de café por dia. Por outro lado, foram observados alguns efeitos adversos relacionados com a gravidez, estando associado a um aumento do risco de aborto espontâneo .
O café descafeinado contém ainda alguma cafeína e mantém uma parte dos seus fitoquímicos, embora haja uma ligeira perda. O ideal é que se procure café descafeinado através de dióxido de carbono ou água para não existirem vestígios de solvente. Uma forma de garantir que se utilizou um método natural será procurar café biológico. Outros dos cuidados a ter com o café, além de evitar consumir durante a gravidez, passam por evitar a adição de açúcar e procurar beber fora das refeições uma vez que interfere com a absorção de ferro presente nos alimentos de origem vegetal (ferro não-heme). Ainda assim, desde que a pessoa não tenha sensibilidade excessiva à cafeína, o café parece ser uma bebida saudável.
Referências:
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