O nome do abacate tem origem na palavra Azteca ahuacatl, que significa testículos e é alusivo à forma do fruto. As primeiras provas do seu consumo humano são as sementes encontradas na Caverna Coxcatlán, no México, provavelmente desde 8000 a.C. O seu conteúdo rico em gordura poderá fazer do fruto uma aquisição valiosa para a dieta pré-histórica. O México é atualmente o principal produtor de abacate, sendo também cultivado nos EUA, República Dominicana e Indonésia.
O abacate é um fruto muito rico em nutrientes. Além de gorduras monoinsaturadas, o abacate é rico em vitamina F, folato, vitamina C, vitamina B6, vitamina B5, potássio, vitamina E, vitamina B3, cobre, vitamina B2, magnésio e manganésio. Tem também alguma vitamina B1, fósforo, zinco, ferro e carotenoides. Além disso contém fitoquímicos e compostos bioativos que estão associados a benefícios para a saúde cardiovascular (Dreher & Davenport, 2013).
O abacate da variedade Hass contém cerca de 13 g de ácido oleico, comparável à quantidade encontrada em 42 g de amêndoas ou 2 colheres de sopa de azeite. Especificamente, metade de 1 abacate fornece ate 20% da recomendação diária de fibra, 10% de potássio, 5% de magnésio e 15% de folato, assim como 7,5 g de ácidos gordos monoinsaturados e 1,5 g de ácidos gordos polinsaturados. Nesse sentido, os abacates poderão fazer parte de um padrão alimentar saudável. Alguns estudos sugerem que os consumidores de abacate tendem a ter níveis mais elevados de HDL, menos síndrome metabólica, menos peso, IMC e perímetro abdominal (Fulgoni et al., 2013).
Um novo estudo avaliou os efeitos da ingestão de abacate e o risco de doenças cardiovasculares com base em dois estudos prospetivos com um total de 110487 participantes acompanhados ao longo de 30 anos (Pacheco et al., 2022). Foram observados os seguintes resultados:
- A ingestão de pelo menos 2 porções de abacate por semana esteve associada a um risco 16% inferior de doença cardiovascular e 21% inferior de doença coronária;
- Substituir ½ porção diária de margarina, manteiga, ovo, iogurte, queijo ou carnes processadas pela mesma quantidade em abacate esteve associado a um risco 16-22% inferior de doenças cardiovasculares;
- Substituir ½ porção diária de azeite, oleaginosas e outros óleos vegetais por abacate não teve benefícios adicionais;
- Não houve efeitos no risco de AVC.
O estudo concluiu que uma ingestão superior de abacate assim como a substituição de alimentos ricos em gordura saturada por abacate poderá estar associado a um risco inferior de doenças cardiovasculares (Pacheco et al., 2022).
Alguns estudos sugerem também que o abacate poderá contribuir para uma diminuição dos valores de colesterol LDL, podendo diminuir o risco de doenças cardiovasculares. Um estudo clínico aleatorizado com 45 participantes com excesso de peso ou obesidade, mostrou que aqueles que comeram um abacate por dia diminui de forma significativa os níveis de LDL oxidado e o efeito esteve associado a uma diminuição no número de partículas pequenas e densas de LDL, as quais estão relacionados com um risco elevado de doença cardiovascular (Wang et al., 2019).
Um estudo in vitro e in vivo sugere que uma molécula presente nos abacates, a avocatina B (AvoB), poderá evitar as complicações metabólicas associadas à obesidade, ao inibir a oxidação de ácidos gordos. Quando foi dada AvoB durante 5 semanas a animais alimentados com uma dieta rica em gorduras durante 8 semanas, foram observadas melhorias na tolerância e utilização da glicose, assim como da sensibilidade à insulina. Um estudo clínico em humanos mostrou também que a AvoB, em quantidade até 200 mg por dia, foi segura e bem tolerada (Ahmed et al., n.d.). O estudo conclui que a AvoB obtida a partir do abacate é eficaz a inibir a oxidação de ácidos gordos, diminui as espécies de oxigénio reativas e melhora a oxidação da glicose em condições de lipotoxicidade, o que poderá ser útil no tratamento das complicações metabólicas da obesidade.
Um estudo anterior, desenvolvido na Universidade de Waterloo, sugere que a avocatina B poderá ser eficaz no combate à leucemia mielóide aguda (LMA), ao atingir as células estaminais desse cancro (Lee et al., 2015). De acordo com Paul Spagnuolo, autor do estudo, “a célula estaminal é grandemente responsável pelo desenvolvimento da doença e é a razão pela qual tantos pacientes com leucemia têm recidivas“. Os autores do estudo verificaram que a AvoB presente nos abacates tem a capacidade de atingir as células estaminais de cancro deixando as células saudáveis ilesas (Lee et al., 2015).
Os abacates têm também outros benefícios para a saúde:
- Ricos em gorduras saudáveis, especialmente ácido oleico, um ácido gordo monoinsaturado. O ácido oleico poderá diminuir o risco de alguns cancros, como o da mama (Menendez et al., 2005).
- Um abacate por dia poderá diminuir o colesterol LDL em indivíduos com excesso de peso e obesidade (Wang et al., 2015).
- As gorduras presentes nos abacates ajudam na absorção de certos nutrientes como os carotenóides (Unlu et al., 2005).
- Extrato de abacate poderá proteger de efeitos colaterais da quimioterapia em linfócitos humanos (Paul et al., 2011) e inibir o crescimento de células de cancro da próstata (Lu et al., 2005).
- O abacate é rico em:
- Vitamina K
- Folato
- Vitamina C
- Potássio
- Vitamina B5
- Vitamina B6
- Vitamina E
- Carotenóides (Luteína e Zeaxantina)
No contexto de uma dieta de base vegetal de qualidade, os abacates poderão ser benéficos na prevenção de doenças cardiovasculares e outras doenças crónicas.
Referências:
- Dreher ML, Davenport AJ. Hass Avocado Composition and Potential Health Effects. Crit Rev Food Sci Nutr [Internet]. 2013 May [cited 2022 Jun 3];53(7):738–50. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3664913/
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- Menendez JA, Vellon L, Colomer R, Lupu R. Oleic acid, the main monounsaturated fatty acid of olive oil, suppresses Her-2/neu (erbB-2) expression and synergistically enhances the growth inhibitory effects of trastuzumab (Herceptin) in breast cancer cells with Her-2/neu oncogene amplification. Ann Oncol. 2005 Mar;16(3):359–71.
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