Estudos confirmam importância das recomendações para a prevenção do cancro

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Em 2007 foi publicado a segunda edição do mais extenso e completo relatório sobre prevenção do cancro

(American Institute for Cancer Research & World Cancer Research Fund, 2007). Realizado pela World Cancer Research Fund e o American Institute for Cancer Research, o relatório reúne um painel de especialistas que analisam todos os estudos científicos publicados até à data, daí resultando um conjunto de recomendações que, caso fossem seguidas, poderiam diminuir 30 a 40% de todos os casos de cancro.

Desde então que têm sido realizados vários estudos para avaliar o real impacto destas recomendações na prevenção de cancros, recidivas, outras doenças crónicas e na sobrevivência após um diagnóstico. Quase todos os estudos mais recentes confirmam a importância da adesão às recomendações da AICR/WCRF para a prevenção de cancros e aumento de sobrevida:

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Cancro da mama:

  • Mulheres em pós-menopausa que seguiram pelo menos 5 das recomendações diminuiram 60% o risco de virem a ter cancro da mama, quando comparadas com aquelas que não seguiram nenhuma. As recomendações mais associadas a essa redução foram: ingerir muitos frutos, vegetais e cereais integrais, manter um peso saudável e não ingerir mais do que uma bebida alcoólica por dia (Hastert et al., 2013).
  • Um estudo que inclui 49613 mulheres seguidas ao longo de cerca de 16 anos conclui que seguir 6 a 7 recomendações está associado a uma diminuição de 31% no risco de cancro da mama. Por cada recomendação seguida existe uma diminuição de 4-6% nesse risco (Catsburg et al., 2014).

Cancro da próstata:

  • Homens que seguiram pelo menos 4 de 7 recomendações tiveram uma redução de 38% no risco de cancro da próstata agressivo. Foram seguidos mais de 2000 homens recentemente diagnosticados com cancro da próstata. Por cada recomendação seguida o risco de cancro da próstata agressivo diminui cerca de 13%. As recomendações que contribuiram mais significativamente para esta diminuição foram: limitar o consumo de carnes vermelhas e evitar alimentos hipercalóricos (Arab et al., 2013).
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Cancro colorretal:

  • Um estudo europeu (EPIC) que inclui 3292 participantes concluiu que aqueles que, anos antes do diagnóstico, seguiram mais recomendações tinham 30% menos probabilidades de morrer de cancro colorretal, quando comparados com aqueles que seguiram menos recomendações. Por cada recomendação seguida foi observada uma diminuição de 10% no risco de morte. As recomendações que contribuiram mais significativamente para a diminuição do risco de morte foram: ingerir grandes quantidades de alimentos vegetais e manter um peso saudável (Romaguera et al., 2012).
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Mortalidade/Sobrevivência:

  • Durante mais de 7 anos57841 homens e mulheres livres de cancro foram seguidas. A mortalidade foi 61% inferior naqueles que seguiram pelo menos 5 recomendações, comparados com aqueles que não seguiram nenhuma. A mortalidade diminui 10% em média com cada recomendação. A recomendação relacionada com o consumo de vegetais foi a mais fortemente associada com uma diminuição do risco de mortalidade devido ao cancro (Hastert et al., 2014).
  • Um estudo de grandes dimensões incluindo quase 400000 participantes concluiu que aqueles que seguiram pelo menos sete recomendações tiveram uma diminuição de 34% no risco de morrer de várias doenças ao longo de 12 anos, quando comparados com aqueles que não seguiram nenhuma recomendação (Vergnaud et al., 2013).
  • Ao serem seguidas cerca de 2000 mulheres diagnosticadas com cancro durante uma média de 5 anos, um estudo concluiu que aquelas que seguiram pelo menos seis recomendações, tiveram uma redução de 33% no risco de morte durante esses anos, quando comparadas com mulheres que seguiram quatro ou menos recomendações (Inoue-Choi et al., 2013).
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Qualidade de vida:

  • Um estudo que incluiu cerca de 2000 mulheres diagnosticadas com cancro concluiu que aquelas que mais aderiram às recomendações da AICR/WCRF mostraram melhor funcionalidade física e saúde mental, quando comparadas com aquelas que menos seguiram as recomendações. A recomendação mais significativa foi a atividade física diária (Inoue-Choi et al., 2013).
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Cancro infantil:

  • Um estudo que inclui mais de 1500 adultos sobreviventes de cancro infantil, concluiu aqueles que seguiram três ou menos recomendações da AICR/WCRF tinham cerca de 2 vezes mais probabilidades de desenvolverem síndrome metabólica, uma constelação de fatores de risco associados a doença cardiovascular, diabetes e outros problemas de saúde. Esse risco foi observado mesmo décadas depois do diagnóstico de cancro (Smith et al., 2014).

Referências:

1. American Institute for Cancer Research, World Cancer Research Fund. Food, nutrition, physical activity and the prevention of cancer: a global perspective: a project of World Cancer Research Fund International. Washington, D.C: American Institute for Cancer Research; 2007. 517 p. DOWNLOAD

2. Hastert TA, Beresford SAA, Patterson RE, Kristal AR, White E. Adherence to WCRF/AICR cancer prevention recommendations and risk of postmenopausal breast cancer. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2013 Sep;22(9):1498–508.

3. Catsburg C, Miller AB, Rohan TE. Adherence to cancer prevention guidelines and risk of breast cancer. Int J Cancer. 2014 Nov 15;135(10):2444–52.

4. Arab L, Su J, Steck SE, Ang A, Fontham ETH, Bensen JT, et al. Adherence to World Cancer Research Fund/American Institute for Cancer Research lifestyle recommendations reduces prostate cancer aggressiveness among African and Caucasian Americans. Nutr Cancer. 2013;65(5):633–43. DOWNLOAD

5. Romaguera D, Vergnaud AC, Peeters PH, van Gils CH, Chan DSM, Ferrari P, et al. Is concordance with World Cancer Research Fund/American Institute for Cancer Research guidelines for cancer prevention related to subsequent risk of cancer? Results from the EPIC study. Am J Clin Nutr. 2012 Jul;96(1):150–63.

6. Hastert TA, Beresford SAA, Sheppard L, White E. Adherence to the WCRF/AICR cancer prevention recommendations and cancer-specific mortality: results from the Vitamins and Lifestyle (VITAL) Study. Cancer Causes Control [Internet]. 2014 May 1 [cited 2015 Jan 2];25(5):541–52. Available from: http://link.springer.com/article/10.1007/s10552-014-0358-6

7. Vergnaud AC, Romaguera D, Peeters PH, Gils CH van, Chan DS, Romieu I, et al. Adherence to the World Cancer Research Fund/American Institute for Cancer Research guidelines and risk of death in Europe: results from the European Prospective Investigation into Nutrition and Cancer cohort study. Am J Clin Nutr [Internet]. 2013 May 1 [cited 2015 Jan 2];ajcn.049569. Available from: http://ajcn.nutrition.org/content/early/2013/04/02/ajcn.112.049569 DOWNLOAD

8. Inoue-Choi M, Robien K, Lazovich D. Adherence to the WCRF/AICR guidelines for cancer prevention is associated with lower mortality among older female cancer survivors. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2013 May;22(5):792–802.

9. Inoue-Choi M, Lazovich D, Prizment AE, Robien K. Adherence to the World Cancer Research Fund/American Institute for Cancer Research recommendations for cancer prevention is associated with better health-related quality of life among elderly female cancer survivors. J Clin Oncol. 2013 May 10;31(14):1758–66.

10. Smith WA, Li C, Nottage KA, Mulrooney DA, Armstrong GT, Lanctot JQ, et al. Lifestyle and metabolic syndrome in adult survivors of childhood cancer: A report from the St. Jude Lifetime Cohort Study. Cancer [Internet]. 2014 [cited 2015 Jan 2];120(17):2742–50. Available from: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/cncr.28670/abstract