Início de estudo clínico de promissor tratamento de imunoterapia para neuroblastoma em crianças

Alguém já definiu este período como um período de Renascimento das Imunoterapias. O facto é que começam a surgir cada vez mais sinais evidentes dos avanços que se avizinham na utilização destes tratamentos para o cancro. Existem hoje mais de uma centena de estudos clínicos em curso, com o objetivo de estudar a eficácia destes tratamentos. E se vantagens significativas existem nos tratamentos com vacinas de cancro, desde a eventual eficácia até aos reduzidos efeitos colaterais, mais ainda se desejam avanços nos cancros infantis.

Recentemente, um caso de sucesso no tratamento da leucemia numa criança de 7 anos através da utilização de linfócitos T geneticamente modificados, chamou a atenção da comunidade científica. O sucesso do tratamento num caso onde as probabilidades de sobrevivência eram muito baixas, abriu caminho para se explorarem mais aplicações desta imunoterapia. Dois dos investigadores envolvidos no estudo deste tratamento vão agora desenvolver um novo tratamento de imunoterapia experimental para crianças com tumores sólidos de alto-risco utilizando a mesma tecnologia que utiliza os linfócitos T do próprio paciente para atacarem as células do tumor.

Investigadores do Children’s Hospital of Philadelphia, da University of Pennsylvania, e do Primary Children’s Medical Center of Salt Lake City receberam um donativo de 550000$ para testarem estratégias de imunoterapia de última geração em crianças com neuroblastoma, um tumor sólido com mau prognóstico responsável por 15% de todas as mortes de cancro infantil. Os beneficiários deste apoio financeiro foram escolhidos de acordo com um rigoroso processo de seleção através de uma iniciativa chamada ACT FAST (Adoptive Cell Therapy For Adolescent/pediatric Solid Tumor).

O estudo clínico será o primeiro a utilizar linfócitos T modificados em crianças com neuroblastoma e estima-se que abra antes do final do ano. Stephan Grupp, M.D., Ph.D., Professor de Pediatria no Children’s Hospital of Philadelphia, irá dirigir o estudo em colaboração com Michael Pulsipher, M.D., Professor de Pediatria no Primary Children’s Medical Center/University of Utah, e Carl June, M.D., Diretor do Translational Research at the Abramson Cancer Center na the University of Pennsylvania, quem dirigiu o estudo com linfócitos T modificados.

Atualmente, crianças com recidivas de neuroblastoma  de alto-risco têm poucas ou nenhumas opções de cura das sua doenças através de métodos convencionais, incluindo a quimioterapia, cirurgia e radiação.

A 17 de Abril de 2012 a Emily tornou-se a primeira criança a ser tratada com o CTL019. Depois de lidarem com os efeitos secundários da terapia conhecidos por síndrome de libertação de citoquinas, 3 meses após o início do tratamento a Emily passou de doente em estado quase terminal para uma situação de remissão completa. Seis meses depois da remissão, a doença continuava sem sinais visíveis com a presença ativa confirmada dos linfócitos T modificados no seu organismo a garantir que nenhuma célula de cancro possa ousar reaparecer. Atualmente a Emily, para a maior alegria possível dos pais, continua saudável, feliz, ocupada com uma rotina normal de vida entre brincadeiras e a escola.

Uma das consequências naturais da evolução destas novas terapias ao longo dos próximos anos, é que estas deixem de ser consideradas como medida de último recurso e que sejam aplicadas em fases anteriores da doença de forma aumentar a probabilidade de eficácia. Podemos estar prestes a assistir a uma mudança de paradigma no tratamento de alguns cancros e em particular nos cancros infantis.

Referências:

https://www.eurekalert.org/pub_releases/2013-04/skc-rtd040313.php

https://www.SolvingKidsCancer.org

https://www.sitcancer.org

Piercephillipscharity.org

https://www.blairfoundation.org