Implantes mamários poderão aumentar o risco de morte de cancro da mama
Até hoje não tem sido encontrada nenhuma relação entre os implantes mamários e o risco de cancro (à excepção de um tipo muito raro de cancro). Uma nova meta-análise vem no entanto sugerir que talvez afinal os implantes possam afetar a sobrevivência em mulheres que tenham cancro da mama. Os autores do estudo, publicado na revista científica BMJ, alertam para o facto destes resultados terem de ser interpretados com precaução uma vez que alguns estudos analisados não foram ajustados de forma a excluir outros fatores que possam causar confusão. Para se poder ter uma ideia mais clara e definitiva serão precisos mais estudos a longo prazo sobre as consequências dos implantes para a saúde.
Uma das consequências imediatas verificadas neste estudo passa pela dificuldade em detetar um cancro da mama numa fase mais precoce, uma vez que os implantes interferem com a visualização dos exames imagiológicos. Para chegar a esta conclusão, a equipa de investigadores do Canadá ao analisar 12 estudos observacionais descobriu que mulheres com implantes mamários apresentavam um risco 26% superior de serem diagnosticadas com um cancro da mama em fase avançada quando comparadas com mulheres que não tinham implantes. Embora existam técnicas que permitam compensar as dificuldades na interpretação dos exames, tanto os implantes de silicone como os salinos criam sombras opacas que podem dificultar a deteção de cancro da mama, uma vez que uma parte do tecido mamário não é visualizada.
Mas além de aumentar o risco de se detetar um cancro da mama em fases mais avançadas, os implantes parecem também interferir com a sobrevivência após um diagnóstico. A mesma equipa quando analisou o resultado de cinco estudos descobriu que as mulheres que tinham implantes apresentaram um risco 38% superior de morte causada por cancro da mama quando comparadas a mulheres sem implantes. Os investigadores alertam para algumas limitações do estudo mas concluem que estes sugerem que os implantes mamários “afetam negativamente a sobrevivência ao cancro da mama após o diagnóstico da doença”.
Anteriormente já havia sido detetada uma relação provável entre a utilização de implantes mamários e o linfoma anaplásico de células grandes, um tipo raro de linfoma não-Hodgkin. De acordo com a FDA, mulheres com implantes poderão ter um risco pequeno mas superior de desenvolver este tipo de linfoma nos tecidos adjacentes ao implante. Ainda assim, o número de mulheres com implante mamários que desenvolvem linfoma anaplásico representa uma percentagem pequena das cerca de 5 a 10 milhões que o fizeram em todo o mundo.
O linfoma anaplásico de células grandes representa cerca de 2% de todos os linfomas. É mais comum em pessoas mais novas (incluindo crianças) mas também ocorre em pessoas com mais de 50 anos. Geralmente tem origem nos nódulos linfáticos e pode também espalhar-se até à pele. Este tipo de linfoma costuma ser de crescimento rápido. Existem dois tipos diferentes: sistémico e cutâneo. Este último só afeta a pele.
Referências:
https://www.bmj.com/content/346/bmj.f2399