Quando a saúde falha e o corpo acusa uma doença grave como o cancro, precisamos de nos fortalecer com instrumentos que nos “empoderem”, que nos devolvam um sentido de poder pessoal através de uma participação ativa na cura. A pergunta “o que podemos fazer por nós?” quando lidamos com o cancro nem sempre nos é devolvida, o que leva a uma situação de extrema vulnerabilidade e fragilidade as quais só por si não favorecem o prognóstico. A prevenção tem um papel central numa doença em que mais de 70% de todos os casos poderiam ser evitados através de mudanças de hábitos e estilo de vida. No que diz respeito ao cancro da mama sabe-se hoje, com base em mais de 70 estudos epidemiológicos e outros que continuam a ser realizados, que o exercício físico tem um papel importante, tanto na prevenção como na sobrevivência. Segundo esses resultados as mulheres que levam uma vida mais ativa fisicamente têm 25% menos probabilidades de vir a ter cancro da mama, mesmo começando em idades tão avançadas como os 50 anos.

No que diz respeito à sobrevivência os números vão no mesmo sentido. Uma meta-análise de 6 estudos que incluem mais de 12000 muheres com cancro da mama conclui que fazer exercício físico após o diagnóstico reduz o risco de morrer da doença em 34% dentro de um período de 9 a 18 anos.

Segundo a epidemiologista Melinda Irwin, diretora do Yale Cancer Center’s Cancer Survivorship Program, pensa-se que dois grupos de hormonas estão associados a um maior risco de cancro da mama: hormonas sexuais (estrogénio e estradiol) e insulina. Alguns estudos realizados avaliaram o efeito do exercício nos níveis das hormonas sexuais e da insulina no sangue. O nível dessas hormonas no sangue diminui com o exercício o que está a ssociado a um menor risco de cancro da mama. Outra hormona importante que também é afetada é o IGF-1, igualmente associado a um maior risco da doença. Melinda Irwin sugere que o facto de haver uma redução destas hormonas no sangue pode explicar os benefícios do exercício. Em relação à insulina a investigadora observa que igualmente a sua redução é desejável pois esta hormona “aumenta a proliferação das células” e portanto pode promover o crescimento do tumor.

Da mesma forma o exercício mostrou nestes estudos (ALPHA e PATH) diminuir os níveis de inflamação no organismo, condição indispensável ao desenvolvimento do cancro.

No que diz respeito a diminuir os efeitos secundários dos tratamentos quimioterapêuticos o exercício também tem mostrado benefícios. Numa revisão levada a cabo pela equipa liderada por Lee W. Jones, directora científica do Duke Center for Cancer Survivorship, os resultados sugerem que o exercício diminui os efeitos cardiotóxicos da Doxorubicina, fármaco utilizado no tratamento de alguns cancros da mama. A investigadora conclui dizendo que o “exercício é algo que devolve o controlo ao indivíduo. É algo que as mulheres podem fazer por si próprias que não só diminui o risco de recidiva mas também as faz sentir melhores. É muito poderoso.”

https://www.nature.com/nature/journal/v485/n7400_supp/full/485S62a.html